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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Metáfora

-Damáris Lopes -

Escapa, vida fugidia.
Vãos ínfimos, esses dedos!
Como gotícula d’água
vai abaixo ralo da pia.

Pelo túnel torneado
escorrega imperceptível,
carga do que se espera
que não frutificou ainda.

Encanamento obscuro,
em que o furo quase trava conserto.
Assim, tem coisa que escoa,
tem coisa que entala,
sem jeito.

Oh! Vida turbinada
entubada pelo tempo.
Quem empoeira ou limpa
como contratada divina
é a faxina do vento.
De repente, ele não encana
mas o ar, velho sacana,
entra rasteiro no cano
e a vida com respiro
tira limbo feito pano
pra sono roncador
sonhar mais tranqüilo,
quem sabe com menos dor.

Vem manso desobstruir
o que se pensa vazio.

Liquefeito tudo no giro,
vida, estrado em funil,
será premio semeado
engate forte, dourado,
que mais um degrau,
ao pódio subiu.