Seguidores

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Amanhã é Natal



- Damáris Lopes -

Amanhã vou arrumar a casa
Espanar autores da prateleira
Tirar marcas de dedos nas vidraças
E na pá de lixo,  juntar tudo que de lixo
produzi nestes 360 dias.
Porque mais cinco dias restam.
(Tive preguiça de catar antes)

Mas a faxina começa amanhã
Engraçado... à medida que ganho mais doze períodos
Tiro menos entulho daqui
Mas ele ainda existe
Resiste meio a reforma que não tem fim
E  busca da gaveta um bustiê de humildade
Com revestimento de ouro fundido
E a ânsiedade pela cinta da esperança.

Amanhã vou tropeçar em minhas boas ações
Hei de sorrir.
Subirei na baixa escada de alumínio e lá de muito alto desapegarei  velhas sopeiras
Espero que o próximo ano esteja mais leve , mais inteira
Com menos móveis para lixar
Mais quadros para colorir
Mais borboletas no meu jardim
E um novo lumiar para o luar de mim.

Amanhã vou agradecer
O dia da faxina
Refletir  manutenção.

Amanhã será feriado do meu coração
Não quero o despropósito comércio
Nem as faces  enrugadas nas ruas, sem visão.

Quero num frasco  detergente possante
Que me garanta a limpeza
Do cristal  com puro  suco matinal
Um suco verde de fé e sabedoria.

Quero brindar a reforma da minha sintonia
Amanhã é dia de faxina
Amanhã é  dia de Natal!




sexta-feira, 24 de maio de 2013

Passagem do Arco-Íris


-Damáris Lopes -


Desvairada a varanda
como olhos assistentes
de um arco-íris que ora,
ora sem terço, insistente.
No terço de uma hora,
sete tons invasivos,
evasivos sem demora,
deixam penitente a varanda,
isenta do colorido,
do colorido já outrora.

domingo, 24 de março de 2013

VIGIAI



-Damáris Lopes-


Vigiai...
O caminho incrédulo das cores
Das flores, dos espinhos
A ferrugem parida nas pedras mudas
A quentura das sopas descidas goela abaixo
As flâmulas estendidas nos quadris, vis

 O epitáfio do aqui jaz - perfeito, capaz
Todo piche grudado no pé, vingança do asfalto
A camisa de força sem botão
O alto índice de corrupção
A falsa fé.

A fraqueza da veias sanguíneas
que vermelham calamidades.

O preço da justiça vendida
A ingenuidade
Os honestos
Os sem alma
As batidas do coração

E, incessantemente, os políticos
Vigiai (ai!), vigiai(ai!), vigiai (ai!)...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Retorno de Mim

- Damáris Lopes -

Retorno com as pálpebras mais inchadas
E, talvez, com um licor amargo nos dentes
No peito de luta de quem sonha com fadas
E por voluntária opção semeia sementes.

Retorno como quem esculpiu o desapego
E saltitou em pedras por libertar cristais
Com pés feridos por espinhos malévolos
Curados por flores que morrem jamais.

Retorno com joelhos esfolados pelos rogos
Em disfarces de esparadrapos alheios
Pelos olhos de mim que tanto espantaram
Coisas viradas, sobrepostas em meus seios.
Retorno ao pátio interno esbranquiçado
Onde vidraças exibem nítida claridade
Onde o aroma fértil me levanta, sacode
E aduba na mente a possível unidade.

Retorno ao piso em tímida proeza
Lustrando o mármore um tanto opaco
Mas baixada poeira, sob teto de telha
Espaireço na rede, retiro-me do cansaço.